sábado, 2 de março de 2013

Sporting-F.C. Porto, 0-0 (crónica)


O Sporting arrancou um empate com sabor a vitória no clássico que quase deixou o de ser. Claro que há uma história, há memórias de grandes jogos e de grandes jogadores, há enfim dois clubes que tornam cada reencontro uma emoção. Mas falta o essencial: a rivalidade à flor da pele.


Pelo menos faltou esta noite. Faltou sobretudo porque o Sporting se encolheu até quase não se ver. Não teve um pingo de vergonha de deixar o rival mandar na própria casa: no final do jogo saiu com um nulo no resutlado, um ponto e duas oportunidades de golo. Saiu minimamente feliz, e não devia.



Os livros, esses, hão-de guardar um empate e a segurança de dizer que Alvalade continua a ser território difícil para o Porto. É verdade, sim senhor: o campeão continua a não ganhar em Alvalade há cinco anos. Mas é verdade também que este clássico ficou muito longe de ser um grande jogo.



Jesualdo conhece este F.C. Porto como muito pouca gente, afinal há coisas que este campeão herdou dos tempos do professor no Dragão. Há por exemplo o 4x3x3 clássico, há os princípios da posição de Fernando, há até a influência de Lucho em toda a dinâmica ofensiva. É indesmentível.



Ora por isso, e porque conhece o Porto como muito poucos, Jesualdo guardou uma surpresa que fez toda a diferença: Dier posicionou-se no meio campo ofensivo, encheu o início do processo defensivo de esforço e tornou mais razoável aquela estratégia de dar as despesas do jogo ao rival.



O F.C. Porto, esse, teve muito respeito pelo adversário. Durante quase toda a primeira parte, por exemplo, foram raras as vezes que soltou os laterais para o ataque. Pelo menos sem olhar para os registos é impossível lembrar uma vez que Danilo ou Alex Sandro tenham ganho a linha de fundo.



O Sporting entrou nervoso, demorou a acertar nas marcações e permitiu ao F.C. Porto três remates nos primeiros dez minutos que aumentaram a ansiedade. Nessa altura valeu Rui Patrício: essencial, como sempre. Manteve o nulo no marcador e deu asas à equipa para continuar a sonhar.



O F.C. Porto continuou a mandar, viu Jackson voltar a falhar o alvo por pouco e não mudou uma palha na estratégia. Mas pareceu ficar surpreendido quando Dier deixou Van Wolfswinkel na cara do golo, para um remate do holandês que Helton defendeu. Foi a melhor ocasião de golo do jogo.



Foi enfim uma jogada que mudou por completo os dados e fez o Sporting acreditar. A equipa voltou do intervalo mais tranquila e mais segura. Continuou a defender, mas fazia-o com maior certezas. Com o tempo acreditou que era possível empatar e fechou-se sobre a grande área.



Bem vistas as coisas a melhor ocasião de golo voltou a surgir perto da baliza de Helton: Bruma rematou perto do poste. O Sporting saiu do jogo com as duas melhores oportunidades, mas nem isso esconde o essencial: fez muito pouco para tornar o clássico mais um jogo histórico.



E nesta altura volta-se ao início para dizer que quem olhasse de fora tinha dificuldades em ver neste jogo um clássico dos bons velhos tempos. Sobretudo por culpa do Sporting, claro, e por culpa de uma rivalidade que se esbate a cada ano e torna o futebol português mais pobre um pouco.



Valeu o final quente, em dez minutos que trouxeram um jogo aberto, a expulsão de Jesualdo e a memória de como este jogo devia ser sempre. Valeu também a forma insultuosa como Izmailov e Liedson foram recebidos para sublinhar que, sim, ainda é um clássico e, sim, ainda são dois rivais. 



Valeu enfim o empate que agita a luta pela liderança.


in "maisfutevbol.uiol.pt"

Sem comentários: